sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

BRASIL E TANZÂNIA: DIFERENTES REALIDADES EDUCACIONAIS


A educação no Brasil tem mostrado demasiadamente suas deficiências: o modelo de ensino, o método e os locais onde se aprendem são distantes à realidade. O sistema de ensino brasileiro foi o pior colocado em um estudo promovido pelo Banco Mundial. E para agravar a situação, em 26 de outubro de 2006 a UNESCO publicou o relatório anual "Educação para Todos" onde o país ficou na 72º posição, em um ranking de 125 países, e afirmou que com a velocidade de desenvolvimento atual, o país só atingiria o estágio presente de qualidade dos países mais avançados em 2036.  Muitos podem justificar isto afirmando que o país é de terceiro mundo. Mas então se questione: como que a Tanzânia, um dos países mais pobres do mundo, com o PIB de 2007 equivalente a 1100 dólares (o Brasil com PIB de 2 bilhões de dólares no mesmo ano) conseguiu uma educação que atendeu as expectativas da população?
Segundo Julius Kambarage Nyerere (1922-1999), presidente da Tanzânia após se tornar independente do Reino Unido (1961), “deve-se fomentar os objetivos sociais e preparar as crianças e os jovens para o papel que desempenharão na sociedade”.
Foi assim que em 1961 ele resolveu investir maciçamente na educação. Para tanto, dobrou o número de escolas e garantiu que cada professor tivesse clareza das implicações educacionais através de seminários realizados em nível nacional. Também criou as bases de uma filosofia educacional, que tinha como objetivo a valorização da cultura, moral e a história de seu povo: se trata do projeto “Self Reliance Programme” (programa de autoconfiança) que visou o resgate da autoconfiança de cada cidadão e trouxe o idioma nativo como língua oficial dela, ou seja, preocupou-se em retomar a consciência do povo, onde todos contribuíssem na formação de jovens e crianças tanzanenses. Também explorou a cooperatividade nas áreas rurais, empregando uma organização baseada nos princípios do socialismo (igualdade do trabalho e remuneração conforme a produção de cada um).
O modelo de educação da Tanzânia deve ser seguido e readaptado a nossa realidade. Além disso, para que este modelo possa ser implantado no país, é necessário que haja maior proximidade e interatividade entre educadores e educandos. A educação deve ser levada ao aluno, e não o aluno à educação, seguindo o exemplo de Tereza Nidelcoff, educadora argentina que acredita na idéia do professor povo, (educador que está próximo do aluno, pronto para atender suas necessidades e ajudá-lo a superá-las). Este deve vivenciar a realidade de seus estudantes para melhor compreendê-los, ou seja, utilizar da cultura local para chamar a atenção do aluno e não deixar que este veja a sala de aula como um passa-tempo, mas como uma oportunidade para melhorar de vida.
Mas, de nada adianta haver professores capacitados se as escolas onde ensinam fogem do alcance de quem delas necessita, tanto de forma física quanto educacional, como são acompanhadas pelos jornais as grandes dificuldades que os alunos de interiores, por exemplo, tem de chegar à escola. Ás vezes precisam acordar de madrugada para chegarem cedo a aula e alguns, quando não tem um transporte público e gratuito, ainda tem de andar muitos quilômetros.

Portanto, a educação e a cultura brasileira devem ser tomadas sob uma nova perspectiva: estudar o Brasil colonial, as raízes indígenas, a cultura africana e outros assuntos concernentes à nação brasileira com mais atenção, além de investir na capacitação de professores e criar escolas com o objetivo de alfabetizar e preparar cidadãos para o futuro seria um bom começo. Países desenvolvidos têm suas culturas reconhecidas em todo mundo por que eles mesmos buscam resgatar os valores do seu passado histórico. O mesmo deve acontecer a esta nação, libertando-se das amarras do modelo de ensino francês e alemão, criando uma nova consciência sobre educação em âmbito nacional, para que haja verdadeiramente o reconhecimento e valorização da cultura local.

Orientador: Gerson Schultz ( Professor de Filosofia da Educação na Universidade Estadual do Amapá – UEAP)
Acadêmicos: Bianca Vilhena; Etelvina Evangelista; Ezequias Corrêa; Jamilly Conceição; Lorenna Braga; Maria do Socorro; Miriana Costa ( Acadêmicos do curso de Licenciatura em Letras – 2008 na UEAP)

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